quinta-feira, 14 de março de 2013

14 DE MARÇO: DIA DA POESIA

 

 

* Hoje é Dia Nacional da Poesia. Veja aqui uns versos instigantes deste Poeta vibrante! CASTRO ALVES.

"O POVO AO PODER"                                                  

QUANDO nas praças s'eleva
Do povo a sublime voz...
Um raio ilumina a treva
O Cristo assombra o algoz...
Que o gigante da calçada
Com pé sobre a barricada
Desgrenhado, enorme, e nu,
Em Roma é Catão ou Mário,
É Jesus sobre o Calvário,
É Garibaldi ou Kossuth.

A praça! A praça é do povo
Como o céu é do condor
É o antro onde a liberdade
Cria águias em seu calor.
Senhor!... pois quereis a praça?
Desgraçada a populaça
Só tem a rua de seu...
Ninguém vos rouba os castelos
Tendes palácios tão belos...
Deixai a terra ao Anteu.

Na tortura, na fogueira...
Nas tocas da inquisição
Chiava o ferro na carne
Porém gritava a aflição.
Pois bem... nest’hora poluta
Nós bebemos a cicuta
Sufocados no estertor;
Deíxai-nos soltar um grito
Que topando no infinito
Talvez desperte o Senhor.

A palavra! vós roubais-la
Aos lábios da multidão
Dizeis, senhores, à lava
Que não rompa do vulcão.
Mas qu'infâmia! Ai, velha Roma,
Ai, cidade de Vendoma,
Ai, mundos de cem heróis,
Dizei, cidades de pedra,
Onde a liberdade medra
Do porvir aos arrebóis.

Dizei, quando a voz dos Gracos
Tapou a destra da lei?
Onde a toga tribunícia
Foi calcada aos pés do rei?
Fala, soberba Inglaterra,
Do sul ao teu pobre irmão;
Dos teus tribunos que é feito?
Tu guarda-os no largo peito
Não no lodo da prisão...


* O pernambucano Manuel Bandeira é um dos mais importantes poetas brasileiros e responsável por trazer de volta o lirismo para nossa literatura.

Quem aí já leu "Libertinagem"? Saiba mais: http://abr.io/Bandeira

 

  


       Lírico, na acepção original da palavra, é o texto feito em versos para serem recitados com acompanhamento da lira, instrumento musical de cordas, muito difundido na Antigüidade. Por extensão, no sentido atual, um texto lírico é aquele feito para ser musicado, que tem na musicalidade sua característica marcante. O que Manuel Bandeira fez para a literatura brasileira com Libertinagem, seu primeiro livro realmente modernista, publicado em 1930, foi reinventar o lirismo. De fato, Bandeira tinha o dom da musicalidade, sempre presente em seus escritos, repletos de rimas, assonâncias, aliterações, refrões; um ritmo, enfim, único e envolvente.
     Certa feita, Bandeira classificou a si mesmo de “poeta menor” – o que é uma injustiça, uma vez que é considerado um dos melhores criadores de verso livre de nossa literatura, apresentando um domínio impressionante de todas as formas poéticas. Tudo isso possibilitou-lhe escrever poemas aparentemente simples, mas de grande densidade, beleza e alcance. 


 *Rendemos nossa homenagem a todos os poetas nos versos nordestinos que emocionaram o Brasil.

Ave Patativa,
Viva Luiz Gonzaga, o Rei do Baião.

 

 

 

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